MÍDIA.JOR discute tecnologia e o fazer jornalístico em sua 3ª edição

Evento reuniu jornalistas para discutirem sobre os caminhos da comunicação em tempos de novas mídias


Daniel Patrick Martins
Imagem Arquivo


O seminário Mídia.JOR, realizado pela Imprensa Editorial, entre os dias 17 e 18 de novembro no Teatro da Aliança Francesa, em São Paulo, discutiu o trabalho de jornalistas e a relação destes profissionais com as novas mídias.

Nos dois dias de evento, houve sete painéis nos quais foram discutidos a temática de "Onde a Comunicação SeEncontra", com participação de nomes influentes da área e que discutiram os rumos, abordagens e tendências no campo da comunicação.

Daniel Patrick Martins
Pedro Doria (O Globo)
O painel de abertura (17/11), intitulado de "Tecnologia como Ferramenta para buscas de Pautas", contou com as presenças de Luiz Octavio de Lima (editor do MuCo - Museu da Corrupção), Laura Bonilla (editora-chefe da AFP - Agence France-Presse), Pedro Doria (editor-executivo de O Globo) e Wharrysson Lacerda (publisher do Olhar Digital).

Os jornalistas disseram que a tecnologia veio para ficar e é uma ferramenta muito útil para o profissional de comunicação, porém, não substitui a checagem e apuração das informações e dos dados recebidos.

As ferramentas, os aplicativos e as métricas são fundamentais para o monitoramento de assuntos, assim como para a obtenção de pautas e fontes de informação.

Disseram que cada vez mais o jornalismo se utilizará dos dados para referendarem suas pautas e consequentemente fazer suas matérias. Surge assim, mais uma especialização do jornalismo, que se pode dizer de Jornalismo de Dados ou Jornalismo Big Data ou ainda de Date Journalism.

Nesse sentido, quando se diz em Jornalismo de Dados, é a utilização da infografia, da estatística e do cruzamento das informações e dados para o apoio à redação e a efetivação das pautas.

Na sequência, houve o primeiro painel de diálogos, "Publicidade: O Caminho para Cannes", com Orlando Marques (presidente da ABAP - Associação Brasileira de Agências de Publicidade), Alessandro Bernardo (diretor de criação da Leo Burnett Tailor Made) e Marco Aurelio Giannelli, conhecido como Pernil (redator da AlmapBBDO), no qual explanaram sobre como a publicidade e a criação de peças publicitárias utilizam as redes sociais e como as redes apropriam o sentido das mensagens.

Daniel Patrick Martins
Alessandro Bernardo (Leo Burnett) e Pernil (AlmapBBDO)
Citaram como cases as campanhas da ABTO (Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos) com Chiquinho Scarpa - enterro do Bentley - e o da Kombi - sua despedida. 

Também mencionaram como a publicidade utiliza o jornalismo, quando este é traduzido para se contar as histórias que as marcas querem passar sobre seus produtos, assim como cada vez mais utiliza-se do social e do engajamento como identificação do público para com a ideia transmitida na propaganda.

Para o segundo painel, "Os Desafios de ser Jornalista na América Latina", os correspondentes Ariel Palacios (GloboNews/O Estado de S. Paulo em Buenos Aires), Kamil Ergin (representante da Cihan News Agency -Turquia na América Latina), Pablo Giuliano (editor da Agência EFE) e Verónica Goyzueta (jornal espanhol ABC), mostraram que precisamos sair dos clichês, pois estes são nossos inimigos ignorados, ainda mais quando tratamos da cobertura na América Latina.

Salientaram também que, se há nuances, seja para o entendimento, contextualização e noção dos acontecimentos existentes em nossos vizinhos, temos de explicá-las.

E para finalizar o primeiro dia do seminário, sob o tema "Grandes entrevistas - Grandes reportagens ao redor do Mundo", a jornalista e filha de Ricardo Kotscho, Mariana Kotscho (apresentadora na TV Brasil) entrevistou Marcos Losekann (repórter especial da Rede Globo).

"O repórter, acima de tudo, é um contador de histórias", assim começa Mariana ao entrevistar Losekann, em um bate-papo bem descontraído entre os dois.

Ao ser perguntado como começou sua carreira, Losekann disse que literalmente tropeçou no jornalismo, ao mencionar que, quando estudante de Direito, numa saída com o pessoal da faculdade, acabou esbarrando e derrubando um diretor de TV no bar em que estava com os amigos. Conversaram e a partir daí teve uma oportunidade e desde então, não saiu mais e construiu a carreira na comunicação. Terminou o Direito e também cursou Jornalismo.

No decorrer da entrevista, mencionou que a tecnologia é uma ajuda, mas que a reportagem é a menina dos olhos para o jornalismo. 

Daniel Patrick Martins
Mariana Kotscho e Marcos Losekann
"A boa pauta é aquela que você tem que sacar", relatou ao se referir que o jornalista tem de ser criativo e o repórter não pode ser mais importante que a notícia. E que "a experiência é importantíssima nessa profissão", pois como ele mesmo disse, trabalhamos com informação e para Losekann, "a informação é um bem preciosíssimo, é um bem mais caro".

Já no dia seguinte (18/11), no terceiro painel do Mídia.JOR, "Vídeo na Internet como Modelo de Negócio", estavam presentes Bia Granja (publisher e curadora do youPIX), Gustavo Teles (CEO da Influencers) e Marcelo Botta (diretor e roteirista do Amada Foca).

Falaram de iniciativas digitais como negócios, principalmente as que estão em plataformas de vídeo (YouTube), da migração, que se nota muito forte, de textos e fotos para vídeos e do crescimento e proliferação de conteúdos para as mídias sociais.

Daniel Patrick Martins
Gustavo Teles, Bia Granja e Marcelo Botta
Mostraram iniciativas que vem dando certo neste meio de internet, no qual se há muita audiência e engajamento, em exemplos como Porta dos Fundos, Amada Foca, Monark e Do Campo à Mesa.

Deixaram também uma dica ao público, principalmente aos estudantes de comunicação jornalística, que faltam produtos jornalísticos e de conteúdo documental e instigante nessa área. E para quem se aventurar neste sentido, há um mercado promissor, pois na internet as possibilidades de trabalhar com nichos e segmentos diversos da sociedade é crescente, e no Brasil atinge a 100 milhões de pessoas.

O quarto painel, "A opinião na Era do Anonimato Digital", trouxe para os diálogos André Forastieri (editor-executivo de novos negócios do R7), Matheus Pichonelli (colunista no Yahoo! Brasil) e Lobão (músico e escritor) para opinarem sobre as redes sociais, repercussão, identidade e atualidades.

Foi passado um panorama que cada vez mais as pessoas procuram textos opinativos na internet e as eleições de 2014 foi uma mostra de como as opiniões e os desdobramentos opinativos tangem ao anonimato digital. Dito também que informação, opinião e conteúdo são diferentes e ao mesmo tempo complementares e que o argumento é fundamental.

Para o último painel, "Invasão de Privacidade na Cobertura do Entretenimento", foi questionado como o jornalismo cobre a área de celebridades. Estavam no palco para este debate os jornalistas Danilo Carvalho (paparazzo da agência Fio Condutor), Keila Jimenez (colunista de Ilustrada da Folha de S. Paulo) e Fabíola Reipert (editora e colunista do R7) e também, para dar a opinião de quem esta do lado de lá, o músico e produtor musical, Jair Oliveira.

Daniel Patrick Martins
Fabíola Reipert e Jair Oliveira
Disseram que a cobertura de celebridades, de entretenimento é jornalismo e que este atende a um nicho de mercado e tem um espaço na comunicação.

Também discorreram que há uma diferença em interesse público e interesse do público, salientando que o interesse público é aquele que mexe com todos, modifica uma sociedade e que o interesse do público é determinado pelo querer saber sobre determinado assunto. Fica a ideia de que ser público não quer dizer que seja público e que a internet é um lugar incrível, mas temos que saber usá-la.

O Mídia.JOR, desde sua primeira edição em 2012, traz um panorama e a discussão das tendências dos fazeres da comunicação para os profissionais que atuam na área, que ensinam, estudam e tenham interesse sobre estes rumos, cada vez mais hibridizados e pertencentes a todos.

Para ficar por dentro de mais assuntos nesta temática, acesse o site do Portal Imprensa em www.portalimprensa.com.br.

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