Memorial celebra aniversário com teatro ibero-americano (Retrospectiva)

*Matéria desenvolvida no curso de Jornalismo Cultural pelo Sindicato dos Jornalistas de São Paulo em abril de 2014

No ano em que comemora 25 anos de atividades, instituição realiza festival em homenagem à Eva Wilma e Paulo Goulart


Aconteceu de 22 a 27 de abril no Memorial da América Latina o VII Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo (Festibero). O evento integra as comemorações no ano em que a instituição comemora 25 anos de atividades artístico-culturais. E os grandes homenageados do festival foram a atriz Eva Wilma, que em 2014 comemora 80 anos de vida e 60 de carreira e o ator Paulo Goulart, que faleceu recentemente.

Na programação dos seis dias de Festibero, toda gratuita, foram realizados 15 espetáculos em palco e rua, além de oficinas e mesas redondas, estas pela primeira vez em parceria com a SP Escola de Teatro para discutir o contemporâneo no teatro. Além de companhias brasileiras, participaram também as companhias de Portugal, Espanha, Argentina, Bolívia, Paraguai e México.

A peça de abertura foi Azul Resplendor, do peruano Eduardo Adrianzén, com Eva Wilma, Pedro Borghi e Guilherme Weber. Na noite de apresentação da peça (22/04), Wilminha, carinhosamente chamada pelo elenco, além de ter recebido a homenagem por sua carreira, também recebeu o troféu da casa pelo cineasta e presidente da instituição, João Batista de Andrade.

No aniversário em que o Memorial celebra mais um ano de conquistas, seu principal espaço de apresentações, o auditório Simón Bolivar, não foi utilizado. Em novembro passado houve um incêndio em suas instalações, que segundo a assessoria, foi ocorrido por um curto-circuito em uma lâmpada. A alternativa foi montar uma lona de circo, no caminho entre os prédios da administração e do auditório. 

Para o coordenador geral do Festibero, Luís Avelima, essa questão trouxe uma aproximação às origens do teatro. "Optamos por criar uma lona. Na verdade acabou simbolizando uma volta do teatro às suas origens. O teatro começa com carroças, com o circo mambembe, com as lonas. Tem dado certo, foi diferente mesmo. Mas as companhias, todas elas, se adaptaram bem ao circo. Até Eva Wilma achou interessante, porque é diferente, é num picadeiro".

Mas as apresentações não só ocorreram por lá. Do lado de fora, também houve intervenções, como a do Grupo Sensus em Polvos Poéticos e peças dos grupos CIA do Miolo e CIA Pauliceia em Relampião e Grupo As Graças em Marias da Luz que se utilizaram do lúdico e do “não espaço teatro tradicional” como palco, chamado como teatro de rua. Houve também peça em ônibus. 

Trupe Sinhá Zózima, em “Dentro é Lugar Longe”, com ponto de partida em frente ao auditório Simón Bolivar, embarcavam as pessoas para uma viagem pela cidade e pelas histórias contadas pela trupe, que foram inspiradas em relatos pessoais dos atores. 


"Dentro é Lugar Longe" - Foto por Daniel Patrick Martins
"Dentro é Lugar Longe" - Memorial da América Latina
Para o diretor da peça, Anderson Maurício, participar deste festival "é uma honra. É um ano bem delicado por causa do teatro que foi queimado. Eles foram buscar alternativas para poder realizar o festival. De como estar neste espaço e de como dialogar com esse espaço, mas de outras formas", relata. Anderson diz também ter participado com grupo na terceira edição, quando a trupe estava em seu primeiro ano.

Festibero é uma iniciativa para promover e difundir a produção teatral entre os países participantes e as companhias. É um diálogo que discute entre público e os artistas os laços culturais envolventes no fazer teatro. Segundo o produtor de eventos do Memorial, Marcos Rosa, esta é uma oportunidade desta troca. "O festival de teatro é um evento de calendário, ele acontece todos os anos. Ele é muito importante, pois difunde a cultura latino-americana. É uma grande oportunidade desse intercâmbio cultural".

A realização do festival contou, além da equipe da Fundação Memorial da América Latina, com coordenação geral de Luís Avelima, com a curadoria do gestor e produtor cultural Efren Colombani, do dramaturgo e diretor teatral Guilherme Bonfim e do ator e diretor teatral Luiz Amorim em parceria com a SP Escola de Teatro e com produção da Associação São Pedro Pró-Cultura.

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